A FlixBus e a Rede Expressos estão em confronto devido ao acesso ao Terminal de Sete Rios, em Lisboa. A transportadora alemã sublinha o cumprimento da lei e o direito dos passageiros à livre escolha de operadores de transporte expresso, após a decisão vinculativa da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) que reconhece o seu direito de acesso ao terminal, uma decisão que, segundo a empresa, continua sem aplicação efetiva.
Ação simbólica pela “mobilidade livre”
Para assinalar o impasse, a FlixBus promoveu uma ação simbólica pela mobilidade livre e pela igualdade de acesso às infraestruturas públicas. Cerca de 50 jovens e adultos reuniram-se no Terminal de Sete Rios num gesto coletivo de reflexão sobre o futuro da mobilidade na capital. Durante a ação, a empresa apresentou o “Monopólio Expressos – Edição Sete Rios”, um jogo conceptual inspirado no clássico “Monopólio”, criado para denunciar o que considera ser uma situação de monopólio no transporte expresso nacional.
A peça foi enviada a stakeholders e entidades públicas, servindo como manifesto visual sobre a ausência de livre concorrência no setor.
Lisboa, “a única capital europeia” sem acesso ao terminal principal
Segundo a FlixBus, Lisboa é a única capital europeia onde a empresa não tem acesso ao principal terminal rodoviário, o que considera uma limitação grave à livre concorrência.
A transportadora estima que essa restrição tenha causado perdas de até 12,5 milhões de euros em 2024, afetando a empresa e, sobretudo, os passageiros, privados de mais oferta e preços competitivos.
Rede Expressos defende equilíbrio e coesão territorial
Em resposta, a Rede Expressos reafirma que acredita num mercado concorrencial equilibrado, com vários operadores a contribuir “em benefício dos passageiros e da mobilidade sustentável”.
A empresa recorda, porém, que a estratégia da FlixBus noutros países europeus, como Alemanha, França e Itália, tem passado por tentar dominar o mercado, com o consequente controlo de preços e redução da diversidade de oferta.
Em Portugal, sublinha a Rede Expressos, esse cenário “não se verifica graças ao trabalho consistente e de interesse público” desenvolvido pela empresa, que garante coesão territorial e mobilidade das populações para além dos grandes eixos turísticos.
Necessidade de novos terminais em Lisboa
A Rede Expressos reconhece que Lisboa precisa de novos e melhores terminais rodoviários, adequados à procura e às exigências atuais. A empresa considera fundamental que a Câmara Municipal de Lisboa avance com a construção de um novo terminal moderno e seguro, preparado para o futuro da mobilidade interurbana.
Enquanto isso, compromete-se a continuar a colaborar com as autoridades competentes, assegurando que os terminais de Sete Rios e Gare do Oriente operem com a máxima eficiência possível, dentro das limitações existentes.
Contexto: operações da FlixBus em Portugal
A FlixBus iniciou operações em Portugal em 2017, com rotas internacionais que ligavam cidades portuguesas a destinos em Espanha e França.
Após a abertura do mercado de transporte expresso, em 2019, iniciou a operação doméstica em 2020.
Desde então, a empresa já transportou mais de 15 milhões de passageiros, opera 44 linhas internas e cerca de 100 internacionais, e registou em 2024 um volume de negócios de 90,6 milhões de euros.
O diferendo sobre o Terminal de Sete Rios reflete um debate mais amplo sobre concorrência, mobilidade sustentável e acesso equitativo às infraestruturas públicas. EC
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07 novembro 2025